sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Psiquiatrando

Quarta-feira.

   18h05, fumando meu cigarrinho da espera (pois há vários tipos de cigarrinhos...) após chegar pontualmente no consultório do meu psicanalista e ser avisada que haveria um "pequeno" atraso, pois houve uma chamada de emergência (e blablablá) eu desço para a praça em frente e sento-me em um banco.

   Ligo para minha mãe como de costume, para matar a saudade sentir-me menos sozinha neste mundo cruél.
Eis que um senhor com um ramalhete de flores nas mãos aproxima-se e para em minha frente.
Continuo falando ao telefone como se nada houvesse. O cavalheiro pede-me um cigarro, e com paciência e cortesia seleciono algum de minha carteira e entrego-lhe.


    Neste momento o senhor senta-se ao meu lado e mostra-me o ramalhete, como que com intenção de dar-me (e eu ao telefone com minha mãe). Pego as flores educadamente, e digo gentilmente:
   - Senhor, estou ao telefone, pode me dar licença?

Ele, ignorando o que eu disse continua sentado, e segura o cigarro apagado com a boca.
    - Senhor, quer que eu ascenda o cigarro, para que possa me dar licença?
(minha mãe ainda ao telefone, sem entender PICAS do que está havendo)



Continua a ignorar-me o amável senhor, e então eu lanço um olhar gentil e praticamente sussurro as seguintes palavras:
    - Senhor, talvez não tenha percebido, mas estou ao telefone. Queira me dar licença, por favor.



Eis que decidindo interromper o silêncio que me assolava, o bondoso e sóbreo homem me diz com convicção:
      - Tudo bem, eu espero.

...


Oi?! Eu espero? EU ESPERO?

Ah tá, que bom que o senhor está disposto a esperar.
Até porque, né?! 
Tudo o que eu mais quero na minha vida, é conversar com um estranho BÊBADO, inconveninente e fedido - depois de um dia de cão.


Beijos, gato.

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